Um estudo divulgado nos EUA concluiu que o Google manipula e distorce resultados de buscas para favorecer os próprios produtos. A análise foi feita pelos professores Michael Luca, da Harvard Business School, Tim Wu, da escola de direito da Universidade de Columbia, e por cientistas de dados do app de recomendações de serviços Yelp, um velho inimigo do Google.
A revelação chega em um momento delicado, já que o Google está sendo processado na Europa por concorrência desleal e deve apresentar uma resposta sobre o assunto para a Comissão Europeia até o dia 17 de agosto.
O Yelp trava há anos uma batalha com o Google. Em 2011, a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC, na sigla em inglês), iniciou uma investigação sobre atitudes monopolistas e abusivas do Google após o Yelp acusar a empresa de exibir as resenhas e avaliações do serviço nos resultados de busca como se fossem suas, sem direcionar o usuário para o seu site, o que fazia a empresa perder audiência. A reclamação do Yelp teria levado o Google a posteriormente barrar a empresa nos resultados de busca.
O FTC encerrou a investigação em 2013, após fechar um acordo com o Google e estabelecer que a companhia não poderia bloquear sites especializados como o Yelp.
Agora, Tim Wu, que além de um advogado respeitado é ex-membro do FTC, aparece como autor de um estudo que vai contra o Google, apesar de no passado ter dado pareceres favoráveis ao gigante das buscas no passado.
“Quando os fatos mudam, suas conclusões podem mudar também”, disse Wu em entrevista ao site norte-americano Re/Code. “A mais surpreendente e chocante descoberta é que o Google não está oferecendo o seu melhor produto. Na verdade, a empresa está apresentando uma versão degradada do seu produto e que é intencionalmente pior para os seus consumidores”, afirmou.
Procurado pelo Link, o Google emitiu uma nota afirmando que o Yelp tenta usar esse tipo de argumento contra a empresa há cinco anos. “Este último estudo foi baseado em uma metodologia falha, que focou somente em alguns tipos de resultados escolhidos a dedo. No Google, nós estamos focados em entregar os melhores resultados para nossos usuários.”
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A pesquisa se baseia em dados do Yelp. Ao fazer uma busca no Google, o usuário pode encontrar avaliações sobre um estabelecimento ou a indicação de onde encontrar determinado serviço em um espaço no topo da página chamado de Onebox. O Google nega que nesses resultados privilegie informações de serviços próprios da marca, como o Google+ ou o Google Shopping.
O estudo, porém, diz que o Google está mentindo. O Yelp criou um sistema para fazer testes A/B e recriar as buscas feitas pelo o algoritmo do Google sem privilegiar os resultados de produtos da empresa.
Eles identificaram que ao realizar uma busca por “pediatras em NY”, por exemplo, o Google exibiu 31 resultados, sendo todos avaliações feitas por meio da rede social Google+. Já na busca feita pelo sistema criado pelo Yelp, foram exibidos 719 resultados, nenhum deles relacionados ao Google+ (veja imagem acima).
A pesquisa mostra que em 45% dos casos os usuários tendem a clicar nos resultados exibidos no OneBox, que aparece no topo do site, em vez de descer pela página para visualizar outros resultados. A conclusão é que o Google induz o usuário a escolher serviços que nem sempre são os melhores.
“O Google parece estar estrategicamente implantando a sua busca universal de uma maneira que degrada o produto para diminuir e excluir quem desafia seu paradigma de busca dominante “, afirma o estudo.
Há pontos sensíveis no relatório. O Yelp não explica com detalhes a metodologia usada e os pesquisadores Wu e Luca foram pagos pela empresa, que é inimiga do Google, para participar da pesquisa.
Em março, no entanto, o The Wall Street Journal publicou uma matéria afirmando ter descoberto um relatório interno do FTC elaborado na época da investigação da empresa e que concluía que o Google abusa de seu poder em pesquisa e estava causando “dano real para os consumidores e para a inovação nos mercados de busca e publicidade online”.
Fonte: Link Estadão
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